O Maculelê é uma manifestação cultural oriunda cidade de Santo Amaro da Purificação – Bahia, berço também da Capoeira. É uma expressão teatral que conta através da dança e de cânticos, a lenda de um jovem guerreiro, que sozinho conseguiu defender sua tribo de outra tribo rival usando apenas dois pedaços de pau, tornando-se o herói da tribo.
Sua origem é desconhecida. Uns dizem que é africana, outros afirmam que ela tenha vindo dos índios brasileiros e há até quem diga que é uma mistura dos dois. O próprio Mestre Popó do Maculelê, considerado o pai do maculelê, deixa clara a sua opinião de que o maculelê é uma invenção dos escravos no Brasil, assim como a capoeira os invasores da tribo inimiga, morrendo pelas feridas do combate. Maculelê passa a ser o herói da tribo e sua técnica reverenciada.
Mestre Popó do Maculelê
No início do século XX, com a morte
dos mestres do Maculelê, a manifestação deixou de acontecer por muitos anos,
até que em 1943, Paulino Aluisio de Andrade, o Mestre Popó do Maculelê, resolve
reunir parentes e amigos para ensinar a dança baseado em suas antigas
lembranças. Consegue então resgatar o Maculelê e forma o Conjunto de
Maculelê de Santo Amaro o qual ganhou grande fama. Mestre Popó começou a
aprender o Maculêle com um grupo de pretos velhos, ex-escravos Malês, livres.
Segundo ele já não tinha mais escravidão nessa época e eles se reuniam à noite:
João Oléa, Tia Jô e Zé do Brinquinho: "eles eram livres, mas quem botou o
Maculelê fui eu mesmo" (Popó).
Segundo Plínio de Almeida
(Pequena História do Maculêle) o Maculêle existe desde 1757 em Santo Amaro da
Purificação e as cores branca e vermelha nos rostos, que assustavam as pessoas,
poderia ser símbolos de algumas tribos Africanas, como por exemplo, os Iorubas.
Mas na verdade fica muito difícil identificar exatamente à qual grupo étnico
está associado à origem do Maculêle. Podemos citar, por exemplo: os Cabindas,
os Gêges, os Angolas os Moçambiques, os Congos, os Minas, os Cababas.
Instrumentos
O instrumento fundamental no
maculelê é o atabaque. Na época de Mestre Popó eram usados três atabaques
seguindo a formação do candomblé. Outros instrumentos como o agogô e o ganzá
também eram tocados durante a apresentação. Hoje vemos apresentações de
maculelê, na maioria das vezes somente com o atabaque.
O Maculelê hoje
Hoje o maculelê se mantém
preservado graças à sua incorporação por grupos de capoeira, que incluíram a
dança nas suas apresentações em batizados e festas populares. Os componentes se
apresentam vestidos de saia de sisal, sem camisa e com pinturas pelo corpo. Há
também alguns grupos que preferem se apresentar com seus abadás usuais, o que
deixa evidente a sua descaracterização, o que deve ser evitado para que não
percamos mais uma manifestação cultural através do esquecimento de suas raízes.
O maculelê faz parte do folclore
brasileiro e deve ser preservado como patrimônio cultural, assim como a
capoeira. Deve ser mantido e respeitado como tradição. Seja ela trazida por
nossos irmãos africanos ou criada pelos nativos indígenas, a beleza do maculelê
traz em si os traços da miscigenação cultural de um país onde a cultura é a
mais rica do mundo, apesar de não receber o reconhecimento que merece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário